Projeto Fogão do Mar avaliará a melhoria da qualidade do ar nas cozinhas em parceria com a PUC-Rio
Estudo avaliará a recuperação da qualidade do ar após a instalação dos fogões ecoeficientes nas casas das famílias participantes do projeto.
Cozinha sem fumaça, panelas limpinhas e fogão a gás trabalhando a todo vapor. Essa, infelizmente, não é a realidade da maioria das famílias que moram próximo à Resex Baía do Iguape, no Recôncavo Baiano. Nessa região, as pessoas ainda cozinham com fogões precários que além de usarem muita lenha, poluem os ambientes internos dessas casas. Com a preocupação e o compromisso de reverter esse quadro, o projeto Fogão do Mar, patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Socioambiental, já começou a instalar seus fogões ecoeficientes na região.
A próxima etapa do projeto é medir, com a ajuda de pesquisadores, a redução da poluição interna das casas e acompanhar os resultados após a instalação da tecnologia que permite potencializar a energia da lenha e reduzir a fumaça e a fuligem oriundas da queima. A pesquisa, coordenada pela professora Dra. Adriana Gioda, vai mensurar, a partir de métodos e técnicas científicas, a quantidade de partículas e poluentes presente no ar antes e depois da instalação e uso do fogão ecoeficiente nas casas.
“A exposição contínua à fumaça é um problema de saúde sério e tem sido acompanhado ao redor do mundo”, afirma Guilherme Valladares, coordenador do projeto Fogão do Mar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os últimos dados apontam mais de 4,3 milhões de mortes no mundo em função da poluição do ar no ambiente doméstico. Ainda de acordo com os estudos, a maioria das mortes é prematura e decorrente de doenças cardíacas, AVC, doença pulmonar obstrutiva crônica e câncer de pulmão associadas à exposição.
A OMS também revela que mulheres e crianças são as mais afetadas no mundo pela exposição já que são elas que passam mais tempo junto ao fogaréu preparando e cozinhando alimentos. Desse modo, sintomas como olhos irritados, tosse contínua além de doenças cardíacas e pulmonares estão mais presentes nesses grupos.
No Brasil, a importância e a necessidade do estudo em escala foram comprovadas em publicações acadêmicas realizadas em 2019 pela professora Adriana Gioda, especialista em química industrial. Os resultados de seus apontaram que a lenha é o segundo combustível mais usado para cozinhar, sendo adotado por cerca de 30 milhões de brasileiros de baixa renda.
Adriana Gioda reforça que o uso de um fogão rústico inadequado tem impacto na qualidade do ar e, por conseguinte, na saúde das pessoas. “Em determinados casos, a poluição dentro de casa ultrapassa limites de segurança e as emissões de combustão doméstica (monóxido de carbono, metano e partículas variadas, como a fuligem) contribuem diretamente para o aumento de doenças”, diz a pesquisadora.
Guilherme Valladares, Engenheiro Florestal e coordenador do projeto Fogão do mar, tem a expectativa que a pesquisa vai confirmar a contribuição dessa tecnologia para a qualidade do ar que as pessoas respiram. “É muito bom ver que os resultados do projeto Fogão do Mar ultrapassam as questões ambientais e impactam positivamente na saúde das famílias que aderem à tecnologia do fogão ecoeficiente. Ouvir os relatos das famílias sobre o ganho de saúde e qualidade de vida depois que eles passaram a usar o nosso fogão é muito gratificante” – conclui o gestor.